O termo "espanhonalização" do futebol brasileiro é um termo que está sendo muito falado ultimamente. Seria bom que esta expressão fosse para demonstrar um avanço do nosso futebol, em questões de planejamento e organização dentro e fora das quatro linhas. Infelizmente esta não é a verdade.
A "espanhonalização" do nosso futebol, refere-se a tentativa de ficarmos restringidos a apenas duas grandes forças. Na Espanha temos Barcelona e Real Madrid, e no Brasil seriam Flamengo e Corinthians.
A divisão das cotas de TV à partir de 2016 refletirá ainda mais esta tentativa. Seguem abaixo valores que serão praticados daqui a dois anos:
Flamengo e Corinthians – R$ 170 milhões/ano (acréscimo de 54% em relação à receita atual)
São Paulo – R$ 110 milhões/ano (+37%)
Vasco e Palmeiras – R$ 100 milhões/ano (+42%)
Santos – R$ 80 milhões/ano (+33%)
Inter, Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense e Grêmio – R$ 60 milhões/ano (+33%)
Outros integrantes da Série A – de R$ 27 milhões para R$ 35 milhões/ano (+29%)
Os doze grandes clubes do nosso futebol receberão um total R$ 1,9 bilhão de reais. Os oito que completam a relação dos vinte clubes receberão em média R$ 248 milhões de reais. Flamengo e Corinthians juntos (10% do total de clubes) receberão 26% da receita total dos clubes com TV.
No quadro abaixo, apresentamos o quadro de 2012, e as campanhas das equipes neste período. Estão incluídos as receitas com o pay-per-view:
Abaixo, a divisão espanhola, que comprova a tese do "muito dinheiro na mão de poucos". A Espanha tem um sistema mais aberto. Cada clube negocia os direitos dos jogos em que é o mandante com as TVs. Os pequenos têm baixo poder de barganha, pois as grandes redes só se interessam realmente por duas partidas de cada um, quando recebem Real Madrid e Barcelona. Isso leva a um enorme abismo financeiros entre os clubes. Valencia e Atlético de Madrid recebem pouco mais de um terço das duas potências. Mas o grande escândalo são com os pequenos: sete dos 20 clubes ganham apenas 10% das duas potências.
O lado negativo é evidente: o Campeonato Espanhol é cada vez menos competitivo e o título parece fora da realidade até para clubes médios, como Atlético de Madrid, Valencia, Sevilla e Betis (ainda que esses quatro continuem recebendo relativamente bem em comparação com grandes de outros países e se mantenham competitivos como segundo escalão continental).
Em contra-partida, o futebol inglês vem crescendo e melhorando em todos os índices, tanto os econômicos-financeiros, como os técnicos. Lá, 70% do total é rateado igualmente entre os vinte clubes da Premier League, 15% baseado na performance e os outros 15% na audiência. Veja quadro abaixo:
O sistema alemão é complexo, e valoriza o desempenho em campo, e não quantidade de torcida ou audiência de TV. Cada time recebe pontos pelo desempenho nas últimas quatro temporadas, sendo que as temporadas mais recentes têm peso maior. A partir da pontuação, faz-se um ranking de 1º a 18º. Para a temporada 2012/O primeiro recebe apenas € 760 mil a mais que o segundo, que recebe apenas € 760 mil a mais que o terceiro e vai assim até o final. O 18º acaba recebendo exatamente a metade do primeiro.
Adm. José Carlos Rodrigues
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