O Negócio Futebol

Participei recentemente do Programa Madrugada Ligada da Rádio Bradesco Esportes FM. Em determinado momento debatemos a proposta do Presidente do Flamengo, o Administrador de Empresas Eduardo Bandeira de Mello, em aumentar o valor do ingresso da partida entre o seu clube e o Corinthians para R$ 100,00 (cem reais). Defendi esta iniciativa e fui duramente criticado.

O romantismo do nosso outrora esporte do povo, foi substituído pelo Negócio Futebol, onde as cifras estão cada vez maiores, e com isto, a dificuldade dos clubes honrarem seus compromissos. O mesmo Flamengo, por exemplo, paga em torno de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais) mensais somente de tributos, para que consiga manter as CND´s (certidões negativas de débito) totalmente quitadas, e com isso, buscar projetos e apoios incentivados. Como fechar esta conta no final do mês?

Nossos clubes estão assolados em dívidas contraídas em gestões passadas. Tem que contratar, colocar equipes competitivas em campo, investir na área social, nos esportes olímpicos e etc. Os valores arrecadados, na sua maioria, com as contribuições dos sócios e/ou mensalidades de sócios-torcedores são insuficientes para arcar com as despesas atuais, imaginem com as dívidas anteriores?

É lógico que na Administração, profissão que comemorou neste dia 09/09 45 anos da sua criação no Brasil, precisamos tomar - em alguns momentos - decisões que não agradam a maioria. Houve uma valorização do produto "Futebol do Flamengo" com os recentes resultados, que tiraram a equipe da zona de rebaixamento e deram ao torcedor um alento na busca por uma vaga na Libertadores. O Flamengo tentará explorar este momento, e buscar uma arrecadação maior. Aquela máxima: "compra que a torcida paga" é uma tremenda balela. Da mesma maneira que com o ingresso a R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) na final da Copa do Brasil, a torcida do Flamengo compareceu em peso, o mesmo acontecerá na partida contra o Corinthians.

Alguns falarão: "e o povo, fica alijado deste Negócio Futebol?" Não sei dizer, mas como a conta do clube fechará no final do mês com a quantidade de despesas e tributos que são obrigatórios. O tema é polêmico, merece um debate mais aprofundado, mas a realidade e os tempos mudaram, e muito.


Adm. José Carlos Rodrigues